De acordo com uma pesquisa da Universidade da Colúmbia Britânica (Canadá), um plâncton marinho unicelular evoluiu uma versão em miniatura de um olho multicelular, possivelmente para ajudá-lo a ver melhor suas presas.
O chamado “oceloide” parece muito com um olho complexo, a ponto de ter sido originalmente confundido com o olho de um animal que tinha comido o plâncton.
“É uma estrutura incrivelmente complexa para ter sido evoluída em um organismo unicelular”, disse Greg Gavelis, doutorando de zoologia na Universidade da Colúmbia Britânica. “Ele contém uma coleção de organelas subcelulares que se parecem muito com as lentes, córnea, íris e retina dos olhos multicelulares encontrados em humanos e outros animais de grande porte”.
Propósito do olho
Os cientistas ainda não sabem exatamente como esse plâncton marinho, chamado em inglês de “warnowiids”, usa esse “olho”.
Como o predador possui estruturas do tipo arpão usadas para caçar células, geralmente transparentes, que ficam presas no plâncton, os pesquisadores especulam que o olho ajuda os warnowiids a detectar mudanças na luz que passa através de suas presas transparentes.
O olho poderia, então, enviar mensagens químicas para outras partes da célula, mostrando-lhes em que direção caçar.
Evolução convergente
Os pesquisadores, incluindo o zoólogo Brian Leander, principal autor do estudo, o microbiologista Patrick Keeling e o virologista Curtis Suttle, coletaram amostras de warnowiids ao largo das costas da Colúmbia Britânica e do Japão.
A equipe analisou o oceloide usando microscopia de alta tecnologia, o que permitiu a reconstrução de estruturas tridimensionais a nível subcelular.
O trabalho lança nova luz sobre como organismos muito diferentes podem evoluir características semelhantes em resposta a seus ambientes, um processo conhecido como evolução convergente.
“Quando vemos uma complexidade estrutural similar em organismos com níveis fundamentalmente diferentes de organização e em linhagens que são parentes muito distantes, então você obtém uma compreensão mais profunda da convergência”, explica Leander.
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