Em filmes de ficção científica e programas de TV, alienígenas inteligentes possuem geralmente a mesma forma básica que seres humanos: dois braços, duas pernas e uma cabeça.
Isso ocorre por razões básicas: orçamento e empatia. Na vida real, no entanto, a maioria dos especialistas acredita firmemente que os aliens, se existirem, não se parecem em nada conosco.
Por exemplo, o paleontólogo e biólogo evolucionista Stephen Jay Gould crê que uma vida que evoluiu em outro lugar seria totalmente diferente de nós. Inclusive, se “rebobinássemos” a fita até o início da vida na Terra, talvez não acabaríamos com seres humanos neste planeta. O surgimento de humanoides na Terra é um evento totalmente aleatório que foi um acaso, opina Gould.
Mas vamos assumir que encontramos aliens, e eles são de fato bípedes e possuem uma forma mais ou menos semelhante à humana. Como explicaríamos isso?
Panspermia
“Eu sou da opinião forte que, se existem alienígenas humanoides, eles devem ter algum patrimônio genético em comum com os seres humanos”, diz Mark A. Bullock, do Instituto de Pesquisa do Sudoeste no Texas, EUA.
Panspermia é a explicação mais comum para criaturas que se parecem mais ou menos conosco em outros lugares do universo. Tem sido demonstrado que é um mecanismo bastante viável, de modo que o intercâmbio de material genético entre os mundos não está fora de questão.
Ou seja, aliens humanoides podem ter espalhado seu DNA através da galáxia para dar origem a criaturas à sua semelhança, ou o DNA se espalhou através da galáxia por conta própria, em asteroides e outros objetos.
A maioria acredita que precisamos de alguma intervenção externa para termos aliens humanoides. A explosão cambriana, 600 milhões de anos atrás, é um exemplo de grande experimentação evolucionária com planos corporais, alguns dos quais poderiam ser um vislumbre das formas de vida que deve existir em outros planetas. Ou seja, sem um “dedo amigo”, talvez nosso formato corporal não surgiria em outros lugares.
Isso é verdade especialmente porque a panspermia só é realmente provável no nível microbiano, segundo Joan L. Slonczewski, professora de biologia na Kenyon College, em Ohio, nos EUA.
Evolução convergente
Ou talvez humanoides evoluíram em outros planetas, separadamente de nós, porque chegaram ao mesmo destino através de outros caminhos – o que poderia ser um caso de evolução convergente.
Há certas características humanas que nos ajudaram a nos destacar de outras espécies, explica James Kasting, professor de geociências da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos EUA. Os nossos polegares opositores nos ajudaram a agarrar galhos de árvores e também a manejar ferramentas, por exemplo. A andar ereto foi útil, também. Por último, o sangue quente nos ajudou a alimentar nossos grandes cérebros.
“Eu acho que há uma boa chance de que a vida alienígena inteligente evoluiu mais ou menos da mesma maneira e que, portanto, têm alguma semelhança com os seres humanos”, diz Kasting. “Não necessariamente uma estreita semelhança, no entanto”.
Bípedes de dois braços “parecem ter evoluído de forma independente em vários contextos improváveis, de suricatos a velociraptors”, observa Slonczewski. “Talvez faça sentido ter dois pés para se mover, duas mãos para manipular algo, e uma ‘cabeça’ sensorial com a mais ampla visão possível”.
Temos visto exemplos suficientes de evolução convergente na Terra para acreditar que isso poderia acontecer em outros planetas. Por exemplo, o olho foi reinventado muitas vezes de forma independente, assim como as asas em insetos, aves e morcegos.
Resumindo o argumento da evolução convergente, muitos ainda acreditam que um número limitado de soluções de engenharia é possível quando se trata de formas de vida bem-sucedidas.
Fatores ambientais
Mas há um grande obstáculo que pode garantir que a vida em outros planetas seja pelo menos um pouco diferente: os fatores ambientais, como a gravidade.
Assim como há uma grande diversidade de vida na Terra, incluindo os diferentes requisitos dos organismos terrestres e aquáticos, de modo mais geral, fatores como a gravidade impõem limitações como o tamanho da vida em um planeta.
A vida em um planeta de baixa gravidade pode ser livre para voar, tanto no reino vegetal quanto animal, enquanto a vida em um planeta de alta gravidade seria correspondentemente “reprimida”.
Simetria bilateral
Sendo os alienígenas parecidos conosco ou não, uma coisa ainda é bastante possível: a simetria bilateral.
A simetria bilateral pode ser uma constante entre as formas de vida inteligentes. Ela refere-se ao fato de ambos os lados de um corpo serem mais ou menos iguais, com um olho, uma orelha, um braço e uma perna de cada lado do ser humano.
“A simetria bilateral apareceu independentemente várias vezes na evolução de organismos maiores na Terra”, diz Bullock. “Então pode ser uma característica comum da vida inteligente, independentemente do plano específico do corpo”.
Com a simetria bilateral, os corpos caminham na direção de um plano corporal vagamente humanoide, argumenta Bjørn Ostman da Universidade Estadual do Michigan (EUA). A simetria significa que você terá um número par de membros, que é mais provável de ser quatro (visto que, mesmo na Terra, há muitos animais com quatro membros, nem mais, nem menos, o que sugere que esse número é altamente vantajoso), e, uma vez que você tem um monte de quadrúpedes, um deles vai começar a usar suas patas dianteiras para manipular ferramentas.
“Se você pode liberar dois membros para manipular ferramentas, então torna-se muito vantajoso desenvolver alta inteligência”, observa Ostman.
Assim, supondo que um alienígena inteligente é simétrico e tem membros dedicados ao uso de ferramentas, em seguida, ele pode acabar sendo aproximadamente bípede. Seus órgãos sensoriais, como os olhos, terão que ficar próximos dos membros de uso de ferramentas, o que pode significar algo parecido com uma cabeça.
“Se tivéssemos que, eventualmente, encontrar outras formas de vida inteligente no universo, elas seriam humanoides, eu acho”, Ostman conclui. Ele admite, no entanto, estar em minoria – um maior número de cientistas concorda com Gould que a vida humanoide é pouco provável de evoluir em outros lugares.
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