John Gertz, ex-presidente do conselho do Instituto SETI (Search for
Extraterrestrial Intelligence), organização de pesquisa científica
dedicada à busca de sinais de inteligência extraterrestre, manifestou
preocupação com a participação da China no projeto, em relatório
publicado recentemente. Entenda por quê.
O relatório de Gertz sobre a questão está disponível na biblioteca
virtual arXiv.org da Cornell University Library e foi aceito para
publicação na revista Journal of the British Interplanetary Society
(JBIS).
Além do SETI, a China participa igualmente do programa METI (Messaging
Extraterrestrial Intelligence), que envolve a emissão de sinais de nossa
existência na Terra para possíveis civilizações alienígenas que
porventura estejam de "ouvidos abertos" à procura de vida inteligente.
De acordo com Hertz, porém, isso pode ser perigoso para a humanidade,
além de ilegal.
"De acordo com o artigo IX do Tratado sobre o Espaço, o METI poderia ser
considerado ilegal. (…) A liberação imediata das coordenadas de uma
transmissão implora por uma resposta não autorizada e prematura. Grupos
religiosos podem enviar suas mensagens paroquiais, enquanto Kim Jong-un
pode enviar as suas", diz o autor.
Segundo ele, a presença chinesa nos dois projetos tem sido fonte de
preocupação para os EUA devido à suposta capacidade da China de detectar
sinais de civilizações extraterrestres e à perspectiva de uma suposta
ocultação perante a comunidade internacional, por parte de Pequim, de
informações recebidas do espaço.
"Os regulamentos que regem o METI são fracos ou inexistentes. Os
protocolos pós-detecção [de sinais alienígenas] do SETI não obrigam a
nada e são demasiado gerais. As capacidades ampliadas do SETI, o
envolvimento da China no campo e os esforços intensificados dos
'METI-istas' para iniciar transmissões de rádio às estrelas estão entre
as razões citadas para a urgência de se abordar a questão dos
regulamentos apropriados. As recomendações incluem regulamentos em nível
da agência e leis em nível nacional, assim como tratados internacionais
e supervisão", escreve Gertz.
Outros temores explicitados pelo analista estão ligados à inauguração de
um dos maiores radiotelescópios do mundo, localizado na China. O país
já anunciou que o observatório vai tomar parte no projeto Breakthrough
Listen, iniciativa de 100 milhões de dólares patrocinada pelo físico
britânico Stephen Hawking e pelo magnata russo Yuri Milner para procurar
vida extraterrestre inteligente no Universo.
Para preparar a humanidade para os possíveis riscos de um contato com os
extraterrrestres, Gertz também propõe limitar o poder dos principais
transmissores do planeta, a saber, o Observatório de Arecibo (Porto
Rico), o complexo de Goldstone (Califórnia) e o 40º complexo de controle
e medição da Crimeia.
"O METI não é o SETI. Tem sido autorizado a proceder ao seu próprio
ritmo e sem supervisão simplesmente porque o público em geral e os
encarregados de formular suas políticas ainda têm que se dar conta da
importância e da seriedade da sua arrogância. O mundo deve despertar
para as suas possíveis consequências", adverte o autor do relatório.
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