
Uma equipe internacional de astrônomos descobriu um sistema solar
com sete planetas do mesmo tamanho da Terra. Três deles estão na zona
habitável da sua estrela, mas há escassas informações sobre o mais
distante.
A estrela, TRAPPIST – 1, fica a 39,5 anos-luz da Terra
(posição relativa na constelação de Aquário) e é uma anã vermelha muito
mais fria e pequena que o nosso Sol. Este é um tipo de estrelas mais
comum na nossa galáxia do que as semelhantes ao Sol. Agora, os
cientistas querem ir em busca de vida: “Já não é uma questão de ‘se’. É
uma questão de ‘quando’”, diz Michael Gillon, da NASA.

Simulação feita pela NASA que representa a possível paisagem de um dos planetas
Este não é o primeiro sistema encontrado pelos cientistas que tem
vários planetas, mas é o primeiro que tem tantos planetas semelhantes à
Terra. Todos eles estão na zona de Goldilock, ou seja, estão a uma
distância da TRAPPIST – 1 que permite a existência de água no estado
líquido à superfície. É também o sistema mais parecido ao nosso alguma
vez observado.
A proximidade à Terra permite aos astrônomos estudar as atmosferas
destes planetas com relativa facilidade. A sua descoberta foi possível
através do Telescópio Espacial Spitzer, que durante 20 dias consecutivos
observou o escurecimento que estes planetas provocam na sua estrela,
uma anã do tipo M que não tem estado no centro das atenções dos
cientistas nos últimos anos, quando passam entre a TRAPPIST – 1 e a
Terra.
Esse escurecimento acontece quando um corpo celeste impede os
raios de luz visível emitidos pela estrela de viajar até nós.
Os cientistas já têm algumas ideias de como se formou este sistema. O mais provável é que os seis planetas mais interiores tenham nascido a grande distância da estrela, mas que depois tenham migrado para mais perto da TRAPPIST-1. Agora estão tão próximos uns dos outros e da sua estrela que os campos gravitacionais dos corpos celestes interagem de tal maneira que permite aos astrofísicos estimar a massa de cada planeta.
Sabe-se agora que têm entre 0,4 e 1,4 vezes a massa da Terra e
que estão mais perto da estrela do que Mercúrio está do Sol. Mas, como a
TRAPPIST-1 é menos quente, é a sua proximidade que impede os planetas
de congelarem.
Olhando para as atuais características deste sistema, julga-se que
estes planetas estão a seguir uma evolução muito semelhante à teorizada
em Vénus, Terra e Marte.
Isto significa que, mesmo estando na zona
habitável da estrela, é possível que algum destes planetas tenha uma
atmosfera tão tóxica e sufocante como a de Vénus, onde não pode existir
vida tal como a conhecemos. Ainda assim, isso não exclui a hipótese de
um destes três planetas albergar (ou vir a albergar) vida como a da
Terra.
“Esta é uma pedra de Rosetta com sete línguas diferentes — sete
planetas diferentes que podem fornecer perspetivas completamente
diferentes sobre a formação dos planetas”, acrescentou Julien de Wit,
cientista de dados no MIT que participou nas investigações.
Estes planetas estão tão próximos uns dos outros que, se estivéssemos
de pé na superfície de um deles e olhássemos para cima, o mais provável
seria conseguirmos ver com nitidez as características geológicas ou
nuvens de mundos vizinhos. Essa nitidez seria muito maior do que a que
agora temos em relação à Lua. Outra característica que os cientistas
estimam encontrar nestes planetas é que tenham sempre a mesma face
voltada para o seu sol, uma vez que a força que os atrai para a
TRAPPIST-1 é muito maior do que o normal por causa da proximidade entre
eles. Era como se a Terra não tivesse rotação e fosse sempre noite de um
lado e sempre dia do outro.
Na sequência da descoberta do Telescópio Espacial Spitzer, que deteta
radiação ultravermelha vinda do espaço profundo, o Telescópio Espacial
Hubble prepara-se agora para olhar fixamente para os quatro planetas
mais próximos à TRAPPIST-1, incluindo os três que estão na zona
habitável deste sistema.
É a partir dessas observações que vamos tirar
conclusões sobre as atmosferas destes planetas. “O sistema TRAPPIST-1
oferece uma das melhores oportunidades da próxima década para estudar as
atmosferas ao redor dos planetas do tamanho da Terra”, disse Nikole
Lewis, co-líder do projeto Hubble e astrónomo do Instituto de Ciência do
Telescópio Espacial em Baltimore, Maryland.





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